Livre como um pássaro

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Havia um pássaro que vivia alegremente ao redor de uma casa, onde recebia

comida, água e atenção. Todos os dias ele voava, sentindo o vento nas asas e cantando vividamente. Tinha em si uma felicidade reconfortante. Tinha também uma curiosidade enorme em saber o que tinha além da montanha, mas estava satisfeito. Sim, satisfeito. Mas até certo ponto, já que a inquietação o incomodava como uma dor aguda que, pensando ter passado, surge lancinante para lembrar sua existência.

Chega o dia então que decidiu ir mais longe. Neste dia comeu o suficiente para encher o papo e alguns goles d’água, para ir além da área que circundava a casa, tão conhecida e agradável a si, que o faz titubear por um segundo e olhar para trás de relance, porém estava decidido. Subiu tão alto quanto podia e deslumbrou-se com a visão. Era de uma beleza indescritível. Então seguiu em frente em direção ao horizonte que maravilhava sua visão. Voou o mais rápido

que pode e estava em êxtase. Tanto que por um momento fechou os olhos, apenas sentindo o vento e o sol que banhava suas asas. Quando voltou a abrir os olhos deparou-se com uma espécie de vidro e bateu com força o bico, ficou tonto e confuso com a pancada, sacudindo as penas e balançando a cabeça de um lado para o outro como que para despertar.

Voltou a si em alguns segundos e olhou à sua frente. Realmente era um vidro e chegou mais perto. Olhou à sua direita e à esquerda, e o vidro estendia-se até onde a vista alcançava, assim como acima, onde o vidro encurvava-se em todos os outros pontos que permitia a sua visão observar. Decidiu voar lado a lado de toda extensão do vidro e parecia não ter fim. Até que acabou voltando para o ponto em que antes se encontrará, marcado pela mini rachadura que seu bico causou. Estava em uma redoma e isso o incomodou, aumentando sua inquietação.

Assim começou a bicar o vidro, que apenas refletia seu semblante enraivecido na tentativa quebrar o suficiente para sua passagem. Animou-se ao ver a

rachadura aumentando e começou a bicar com mais força até formar o espaço necessário por onde podia passar. Passou. E viu o outro lado onde, depois de sua adaptação da luz, pode ver centenas, talvez milhares de outras casas e outros pássaros e animais e pareceu-lhe um espaço infinitamente grande onde, agora, poderia voar a vontade. Voou por longo tempo e até o ar parecia melhor, até que a reserva de comida em seu papo estava se esgotando e foi procurar próximo às casas, como de costume, alimento. O problema agora é que havia outros pássaros, alguns até maiores, além de outros seres que ele nunca vistos. Passou bom tempo até que conseguiu comer, e seguiu assim até certo ponto.

Sim, até certo ponto. Porque seu pensamento o perturbava agora muito mais que antes – pensou em toda a sua situação e na possibilidade de voltar, porém não poderia, sabendo agora onde ficaria e além do mais, querendo ou não, onde encontrava-se agora gozava de maior liberdade finalmente. Iluminou-se.

Chega um dia então que decidiu ir mais longe. Neste dia comeu o suficiente para encher o papo e alguns goles d’água, para ir além. Subiu tão alto quanto podia e deslumbrou-se ainda mais com a visão. Era de uma beleza indescritível. Então seguiu em frente rumo ao horizonte. Voou o mais rápido que pode e

estava em êxtase. Tanto que por um momento fechou os olhos, apenas sentindo o vento e o sol que banhava suas asas.

Joan Max / @maxxi_oliveira