tentativa vã e de falsa ingenuidade de encontrar identidade
à criança que fui e à esta tentativa que sou
o que há de significativo? não sei
portanto, tenho aval para escrevê-lo
tentativa minha que não significa a mim ou ao mundo nada
mas ainda é, ou tenta ser
que saudade de casa, do céu de campina grande
campina é cidade de planalto
vento solar e campos cheios de mato
caminho entre o mar e o sertão
vou à rua e vejo aquelas serras distantes
não sei onde ficam, não sei onde vou
vou sentir saudade
subo a ladeira e do alto dela vejo aqueles edifícios
chiques e excessivamente altos no bairro da prata
não sei onde vou, acho que vou ficar aqui mesmo
vou sentir saudade
que saudade de casa, do céu de campina grande
não tenho como aprender a andar com os pés no chão
nascida no alto do planalto da borborema, nunca tive pés no chão
assim como balão de são joão que coloca fogo no mato
assim como em junho, mês de festa, minhas manhãs são de neblina e
solitude
respiração pesada e quase que desesperada
sem pés no chão, olho para cima e sinto falta da minha casaque saudade de casa, do céu de campina grande
vi aquelas serras minha infância inteira
santa rosa a subir a dinamérica
vi aquelas serras minha adolescência inteira
jardim paulistano a descer a aprígio
não nasci na cidade rodeada de pedras
que tem praia, morros e baías
nasci na cidade das serras, cidade dos ipês
dos rosas e dos amarelos
não sei para onde vou hoje
não sei para onde vou amanhã
que saudade de casa, do céu de campina grande
campina grande cresceu, tá cheia de prédio
campina grande cresceu, já tem até projeto de engarrafamento
campina grande cresceu e de repente, vendo aquelas serras acho que cresci também
Hastha Dassy Bernardo