A água tem memória

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Hoje eu não comprei o teu presente, aquela costumeira camisa gola polo, com bolso, pra tu guardar teu isqueiro e teu cigarro. Sabe que eu nunca gostei desse tipo de blusa? Mas era a que tu mais gostava, e quem sou eu para opinar.

Pra completar, hoje choveu, e muito, a água  caía das bicas e formava rios descendo a rua. Faz anos que eu não tomo banho de chuva como tomávamos. Faz anos que minha chinela não “foge” água abaixo junto com a correnteza. Faz anos que tu não corre atrás  pra recuperar ela antes que fosse tarde demais. Faz anos que não sinto a água gelada das bicas caindo em mim, sempre procurávamos as melhores e com maior vazão.

Hoje a água escorreu como se fossem memórias vindas das nuvens, quem sabe ainda seja alguma mesma partícula de outrora, para escorrer como rio, só que

ao invés de encontrar minha chinela fugida indo correnteza abaixo ela se deparou com a ausência.

Hoje eu poderia ter feito um barco de papel pra representar a vida seguindo o fluxo da água, ao invés, e como esperado, eu marquei no papel as minhas representações.

A água trouxe memórias, que agora se tornam agridoces.

Matheus Nocrato / @matheusnomundotodo