Já era madrugada quando invadistes meu quarto. Sorrateira, quente e
avassaladora. Olhava-me ferozmente. Desalentada, atordoada, quis fugir, quis
resistir a ti, embora eu soubesse que não conseguiria… Caí no deleito de sua
insistência.
Envolveste-me. Possuíste-me. Entreguei-me naquele devaneio.
Ferozmente brincavas comigo. Brincavas com cada sentimento e sensação
que existia em mim. Tu fostes dura, cruel e impiedosa…
Atordoada, escorreu em mim o sal daquela loucura e, cada gota fazia-
me manter mais em ti. Quis correr para longe, desmembrar da contrição que
mantendo, estávamos. Entretanto, tu não deixavas, era mais forte, mais dura.
Já me encontrava perdida. Refém, naquela madrugada indesejada, de ti.
Dominaste-me. Perdi o controle de mim. Só havias tu naquela noite, nada mais
de Eu…
Meu sentido, meu corpo, minha emoção, eram tuas. Meus olhos
me pertencia. Entreguei os pontos. A vitória era tua, perversa.
Minha companhia não era alguém, quem envolveu-me não foi corpo,
quem manteve-me refém não era criminoso, o sal que escorreu em meu rosto,
eram lágrimas. Indesejada, minha companheira da madrugada, era ela: a dona
saudade.
Priscila Custódio / @autorinha